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Destaques

Mini Ensaio sobre originalidade e clichê

       O que ousa ser um texto se não uma captura de emoções e pensamentos moldados e corrompidos pela letra? É bem superficialmente banal falar do que parece ser algo inovador do pensamento pra sempre cair  tão  clichê, mas nem todo clichê nasce do mesmo berço.      Simplicidade também é profunda, e toda repetição tem suas diferenças mesmo sendo cópias, pois apenas são cópias porque desconsideramos até certo ponto suas diferenças para determiná-las como cópias de outras, porque sempre é o desejo que dita as maquinas, não é?       Matar a tentativa por rimar com o antigo é como dizer que a história sempre se reflete. Mata qualquer tentativa de abstração que leva a interação de eu e tu como humanos à morte prematura do mais provável, do "se parece, logo é": respiro como tu logo sou tu, respirei como tu então respirarei como tu.      Demandar o bom do pensamento é afirmar que ele nunca pode ser bom. Eu gosto b...

Amo amor mas não música de amor

    Filho de Obá ya-ya, filho de Obá yo-yo.... O amor eu acho uma força muito bela, ela motiva qualquer tipo de ação, desde um abraço na sua mãe por seu amor a ela ou até atirar na cabeça de outra pessoa por seu amor a sua pátria. Mas eu geralmente odeio ouvir músicas de amor, boa parte porque são sertanejos que sempre referem a alguem que o traiu, ou alguem que o ama que nem cadela e chega a ser recíproco tal relação de acasalamento, mas mesmo as que eu de fato goste do gênero, mesmo que eu goste da batida ou da melodia, ainda sinto em mim um rancor em ouvir boa parte delas.

    E é por conta deles representarem um tipo específico de amor, não o amor cru e afetivo, mas o amor cantado, o amor sonhado, o amor extremamente romantizado a estilo Romeu e Julieta. Como se a pessoa morreria a qualquer tipo de negação da pessoa que ela fala amar, como se fosse todo completo objetivo e motivo de existência aquela pessoa para o lírico. E mesmo que não seja de fato o que o cantor realmente acha mas sim um exagero, ainda sim tenho muita estranheza em ouvir isso. Não é uma música de afeição, é uma música de obsessão, de obediência, de dependência, de toda e completa rendição a outra pessoa, e não sei o que acho mais estranho, terem pessoas que criam essas musicas conscientemente ou pessoas que adoram ouvir como se tivesse se referindo a elas, sendo um completo narcisismo por meio para-social por motivo de carência afetiva da pessoa.

    E parece que esse tipo de pensamento de que a pessoa que você ama ser tudo para você vai até aos relacionamento entre as pessoas, mais especificamente em adolescentes. Na escola que estudo é impossível passar por lá sem ver um casal se beijando a todo momento, seja entrando na escola, intervalo ou saindo, tem sempre um casal se beijando por muito mais tempo que precisa ou se acariciando com muita força. Obvio que não acho que eles estejam fazendo isso sem querer (muito mais pelo contrário, com certeza é algo que eles querem e se obrigam a fazer) ou que eles não estão gostando disso, mas acho que o problema está justamente em eles normalizarem isso. Porque você acaba criando uma expectativa incrivelmente alta em como deve ser um relacionamento, e na ausência de tal gesto de afeição acaba conscientemente ou inconscientemente afetando a pessoa. 

    Nós criamos expectativas de que algo se repita se ela acontece várias vezes, estranhamos quando o sindico que sempre fica na porta não está lá algum dia, ficamos preocupados quando algum ente querido não esta em casa quando nós acordamos, ficamos apavorados quando não tem ninguém na rua em um horário comum. Porque nós nos acostumamos a situações, e quando elas não acontecem elas nós afetam querendo ou não. E quando você vê o seu namorado ou namorada, e ele ou ela não te beija ou te abraça como sempre faz, isso acaba entrando no teu consciente, "Será que fiz algo para ele/a?" "Será que ele/a tá com outro/a?" "Será que ele/a não gosta mais de mim?", e isso acaba criando insegurança na pessoa e desconforto em estar com a outra, e assim se repete as mesmas questões para a outra pessoa do relacionamento, dando em um possível fim repentino a um medo que não era real por conta da falta de algo que virou uma necessidade rotinaria e emocional para os dois.

    Além dessa possível carência que esses hábitos crias, como tudo na vida que a gente faz comumente, acaba virando uma rotina que a gente não liga muito, não é tão gostoso quanto o primeiro beijo ou abraço, e muito menos se for apenas por "porque eu quero". E quando se acontece a tudo e qualquer momento, acaba tirando o sentido desses motivos de afeição, porque não virou algo que fazem devido ao amor, mas sim algo que fazem porque é o que sempre fazem, não tenho certeza se afeta realmente as pessoas que fazem isso, porque não sou elas, mas não acho que a chama da paixão e afeto incondicional arde por tanto tempo, mesmo na adolescência.

    E com isso acabo detestando ver esses casais, me dando nojo de vê-los. Não por como beijam ou mesmo pelo ato de beijar, mas sim por parecer algo tão falso, algo que é apenas por carência de ter alguem ou por "status social" de ter um namorado/a, algo que só fazem porque todo mundo faz, não por realmente querer mostrar esse afeto. Porque para mim o amor não é o beijo a alguma outra pessoa ou o abraço a um ente querido,mas sim o motivo desses atos que vem geralmente das coisas mais simples do cotidiano que fazemos por empatia. Como por exemplo na vez quando empurrei um colega de sala devido a estar "brincando" com as muletas de uma amiga minha que torceu a perna, não me senti um santo ou que era a melhor decisão ter agredido o menino, mas definitivamente me senti bem feliz por fazer ele parar de abusar da minha amiga, eu vejo atos assim, atos que vão além de um beijo, além de uma cantada, além de uma declaração, além do apenas dito e não feito, são esses atos que para mim representam o amor, porque para mim só os fortes amam, e os fortes protegem quem eles amam.

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