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20 de Novembro, um poema em andamento

  Dia de Zumbi, Dia de Zumbi. Pensei em dedicar mais teclas a ti, mas em mente(s) me perdi. Espero que perdoe a mim. Dia de Zumbi finalmente está aqui, mas minha fé em mim parece ter sumido, porque logo nesse dia de cantos de Marfim, pareço não estar afim? Enfim, mágoas machucam e saram, as vezes só preciso de movimento . Que nenhum diagnóstico pare minha farra. Então que me guie Obá. Por mares passados e futuros, para no final parecer um vulto.

Cicatriz

     Ignorância é uma benção, uma frase que eu fui de falar tanto a outros, mas nunca fui de realmente aplicar ela a mim, de ter a empatia que eu tenho aos outros de ter a mim, me valorizar mais em minhas prioridades, de que medos, angustias e pensamentos que tenho não são os que um jovem de 17 anos deveria estar se preocupando, ou qualquer pessoa nesse caso.

    Tem problemas, que por mais do quanto machuquem, simplesmente não tem como os resolver, sempre fui de crer e afirmar de tudo que existir de problema ser solucionável, mas conversando com pessoas com outras vidas, outras dificuldades e outros modos de viver, ficou claro para mim de que, nem sempre é assim, e infelizmente é comum de ter que engolir e andar para a frente com uma cicatriz do momento, como eu sempre fiz.

    Viver em base da alta demanda da minha mãe, e no pouco suporte dela, de ser alguem que eu não era e não queria ser, de aprender como minhas irmãs aprenderam, de aguentar como ela aguentou, pelo menos supõe aguentar,  isso me moldou a algumas coisas muito boas, mas principalmente a males que me fodem até hoje, fui entendido como atrasado até um laudo, e depois entendido como um deficiente, que nem minha psicóloga foi crer no laudo.

    No final é só um rótulo, é só um rótulo, não deve formar quem eu sou ou quem eu poderia ser, mas quando alguem, e essa pessoa sendo sua mãe, martela isso na sua cabeça, fica complicado não crer; desculpas farrapadas que minha mãe me dava, em conjunto de "motivação" contra intuitiva a base de julgamentos e demandas, que resultaram em 2 anos de vida acadêmica perdida, uma autoestima ainda ferida, porque mesmo de todos que queiram e realmente acreditam em mim, não ter uma mãe crendo desaba tudo isso.

    Quantas crises a menos eu teria? Quantos remédios a menos eu teria que tomar? Eu teria se quer um laudo? Quantas noites a menos eu choraria, se eu não tivesse uma força que me fez enlouquecer, enlouquecer ao ponto de um coração quase desabar a face da loucura, da loucura de ter a sua mãe gritando na sua cara, independente de razões dadas ou não dadas, a loucura de até mesmo pedagogos de uma escola ela ignorar, para continuar com a ideia de que ela, esta certa, porque, ela esta certa.

    E doí, pra caralho, ver tudo isso e pensar que eu não tenho muito que fazer, apenas engolir e ir para frente, cicatriza a alma isso, e a pior dor de todas é saber que eu era tão ingênuo a tudo isso, por 16 anos da minha vida; meu pai não é santo, certamente não foi antes, mas melhorar com certeza melhorou, porque com minha mãe foi o contrário? Não sei e não sei se quero saber, a vida dela do que eu consigo confirmar não foi fácil, mas justifica tudo isso? Eu diria que não.

    Mas mares vem e vão, creio no futuro distante conseguir ver isso daqui como apenas um episódio de vida doida da minha mãe, que tem o que eu aprecio nela, gostaria de dizer muito, mas não me sinto certo dizendo isso, mas certamente aprecio algo, e não sei de onde venha o que mude ela para o contrário.

    Mas é facil agarrar nisso e chorar, chorar ao fim, mas no final de tudo, não sou mais criança para ter tanto apego por minha mãe, fico grato de ter uma, diferente de muitos, de saber o nome e o rosto, diferente de muitos,  e no final, tudo bem, o que mais machucou está no passado, na memória, memoria cujo qual cada dia mais me desapego, cada dia mais entendo que me trilhou a formar, por bem ou mal, quem eu sou hoje, sobreviver a situações absurdas sempre se tem seus efeitos positivos.

    De viver por só e não me tornar alguem mimado, de ter de entender o que é não ter tudo, de entender o que é empatia, o que é se importar com alguem, do que machuca alguém, acabo formando em volta da tese um ser de antítese, em vez de me agarrar a esse ódio e reproduzir a todos, como muito acontece, me revolto e oponho ele, e isso certamente, com certeza absoluta me mudou, a um custo que ao meu ver, valeu apena. 

    Pois não sei se gostaria de ser quem eu seria, se não vivesse por esse absurdo, não sei se daria tanto valor a um abraço pois quase nunca recebi, de defender alguem pois quase ninguém me defendeu, e os poucos que me defenderam agradeço muito, do quanto de entender o outro pois quase ninguém me entendia, de apreciar o que tenho pois pouco tinha, pois é principalmente sofrendo, que entendemos o quão ruim algo pode ser, quando toca na pele e na alma é que entendemos, pois nós apenas valorizamos o que pouco temos, e se pouco amor eu tive, nesse pouco amor me agarrei e projetei ter mais a todos e todos terem mais.

    

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