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Contos, poemas e textos de um menino buscando entre malandros e otários ser o esperto
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Corrida e Morte
Uma das coisas que eu gosto muito de fazer quando volto da escola é correr, e não uma de fato corrida que alguém faz por horas. Controlada, sensata e equilibrada, mas sim a corrida que eu faria no esconde-esconde a 10 anos atrás, como se o amanha nunca viesse e a adrenalina alimenta o urge, tempo passa.
Além do mais lógico de se exercitar, também tem outro fator que para mim é bem mais importante, porque eu ainda posso. É fácil pegar o que temos hoje em dia e ficarmos contentes como sempre vai estar lá, eu durante a pandemia e até mesmo antes me reclui das brincadeiras que uma criança de condomínio geralmente tem, certamente teve um literal peso.
80 quilos foi o pico, nada a tamanho de obesidade, mas certamente tinha gordura em excesso, ou tirando o eufemismo, eu estava gordo. Foi com academia ao ar livre que consegui perder até 65 quilos, e fico ao redor de 65-67. Sou longe de ser alguém musculoso, mas diria estar em forma ok, e por mais de ter formas de retardar o envelhecimento, uma bengala ou pelo menos uma energia menor é inevitável, e que bom que seja.
É fácil procrastinar uma tarefa porque sempre tem o amanha, e eu vejo assim com a vida. Seria fácil falar de que na próxima vida eu não fumo, próxima vida me retiro de todos os vícios, toda vida eu me torno alguém melhor; ser alguém novo impune de todo mal. E você pode acreditar nisso, e não tenho nada a te julgar, mas para mim a beleza da vida é que ela é única.
O seu rim é único, seus olhos sempre serão da cor que eles vieram, e o mais importante, o que veio não volta. meus 17 anos certamente está sendo a transição que veio desde os 16 de uma competência um pouco mais próxima de um adulto. Horários começaram a formar na minha cabeça, no meu jeito. Responsabilidades finalmente doem em mim não fazer, pelo menos algumas delas.
E pensar que a infância que eu tive ou não tive, a sensação de viver num mundo cheio de interrogações que são incríveis de responder, da sensação de finalmente entender a como escrever, a de aprender o básico de programação, tudo isso é único e também já foi, guardado em uma mente ou em uma câmera, ambas com data de validade.
E assim validando a importância de se importar de como ações afetam o futuro, por mais que o que existe é o agora, o futuro vai, ou pelo menos deveria, existir. E o eterno balanço entre viver no presente ou planejar o futuro é um inerentemente inconcebível de responder. Como você vai saber planejar algo que não existe? mas que ainda sim é importante?
Filosofias são o que alguns agarram para responder isso, mesmo de forma não intencional, teologia também é uma opção igualmente válida e igualmente duvidosa. E eu vejo essa dicotomia simplesmente como:
Não me mata, não me cicatriza, então petisco.
E assim eu corro como se não houvesse amanha, parecendo um doido, fugitivo da policia ou charmoso, sou feliz igual. E não machuco ninguém, muito menos a mim, então não vejo porque me conformar a chatíssima andada apressada comum nas ruas de São Paulo, ainda não tenho que me preocupar com o depois, por enquanto o que existe é apenas o agora.
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