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Destaques

Todas as aventuras tem seus pontos finais

     Eu sigo ferventemente a filosofia de que é melhor acabar numa nota alta (ou high note) do que continuar e decaindo e deteriorando cada vez mais fora da sua origem em busca de continuar algo que cada vez mais se torna melhor na memória do que na realidade.  Salva os momentos bons com um fim mais doce, muita coisa muda desde lá quando começa, e acaba sendo uma decisão mais honesta do que continuar algo sem vontade, e tudo bem, saca?     Se isso aqui, essas aventuras, não serviu o propósito de documentar e registrar o que passo e passei, o que penso e pensava, não sei o que mais pode servir. Não me acho necessariamente iludido com escrita em geral, mas especificamente com isso,  mais idealístico do que necessariamente racional, mais perguntas e respostas e menos preocupações no que realmente é, em resumo, adolescência, mas não só.     Fim de 2023 e todo o ano de 2024 foram anos que além de minha vida não acabar, ela mudou muito drasticament...

Martelos e Martelados

    Um esteriótipo que inegavelmente existe a qualquer tipo de trabalho de cunho artístico é o de ser um trabalho (se é que é cogitado como trabalho) de menor valor por "ser mais fácil", e superficialmente faz bastante sentido.

    É difícil perceber o esforço de um escritor para o esforço de um trabalhador de escritório, ou de um trabalhador de construção, de produção agrícola, etc. Em tese parece ter apenas uma vaguíssima porcentagem de esforço, seja por "apenas escrever", "apenas cantar", "apenas gravar e falar", etc.

    Mas, pelo menos ao meu ver, o esforço ele é muito mais contínuo e envolve substancialmente mais estar fora desse processo, fora de pensar sub-consciente enquanto fazendo uma tarefa que para o cérebro é efetivamente automatizada.

    Obvio que trabalhos criativos também possuem essa parte, seja escrevendo e reescrevendo o mesmo capitulo durante décadas, até chegar um ponto em que talvez esteja satisfeito com ele, como Juan Rolfo, ouvir e re-ouvir o mesmo trecho para alinhar o som dos trompetes ao BPM da música. Ou ficar uma tarde inteira para tentar arrumar um trecho especifico de um video porque ele não bate tanto assim com o resto dele.

    Mas pelo menos a mim, que não julgo ter chegado a esse nível de esforço ainda (eu espero). O que definitivamente é o mais difícil é ter a ideia. Ter o clique que liga A com B e C com D, como transformar a miragem em algo vagamente concreto, não que seja uma aventura para descobrir uma piramide egípcia, longe disso.

    Mas querer achar essa forma, esse trajeto, uma formula para esse trajeto, algo que faz sentido para você mudar a miragem, adaptar e ver ela de outros olhos, é algo que pelo menos para mim é intrinsecamente individual, por tanto imensurável.  

    E por mais de eu reconhecer isso e negar o esteriótipo. Querendo ou não entra na cabeça, não existe parede que não possa ser martelada, desde que se tenha o martelo e quem martela, e eu não sei que quem martela sou eu ou quem eu imagino ser outro. Outro que ri de mim por ver burrice e nenhum real produzido, porque assim que é a vida para alguns. 

   Mas o demônio apenas doí enquanto você ouve a risada, e felizmente é fácil de ouvi-lo de outros ou de mim mesmo, parar de caça-lo. É fácil ser o critico, difícil ser o criticado, e toda vez a gente pega a razão de volta olhando para o começo, somente o começo, somente o comelo.

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