Pular para o conteúdo principal

Destaques

Em lance à mar

          Quando cheguei de mar a mar, nunca imaginei que meu trabalho, e a vida que levei junto com ele, fosse recheada de tesouros dignas de estarem em Iliadas, Lusíadas ou Brazilias. A maior das glórias contratualmente obrigadas que a mim foram garantidas é a "responsabilidade da carga e possessões do Reino sob minha jurisdição"     Jurisdição essa que menos se resume a gritar com mouros cujas qualificações derivaram da clarividência do desembargador em tentar descobrir traços de Deus em um corpo de Alah pela decência de "sangue azul"     Contudo, chega de mim e desses mouriscos! Não custeio de forma efêmera o meu tempo e contos. Pareço turvo ao que estou prestes a dizer, mas creio que achei um individuo merecedor de meu respeito escrito, mesmo que sua aparência seja das mais questionáveis.      Muito difícil é encontrar viajantes do Saara sozinhos, suspeito eu de que os mercantes silenciosos utilizam de alguma bruxaria para...

18

     Eu gosto de falar na brincadeira de como tempo é uma construção social, não que eu ache que seja obviamente, mas eu não não acho completamente também. Como ele passa e como se percebe ele passando são duas coisas bem diferentes, fico feliz por estar numa marcha a menos recentemente, não que essa sensação seja incomum, mas dessa vez parece mais permanente.

    18 é certamente uma idade mais única porque leis existem, mas pessoalmente o que acho mais de importante pra ela pra mim foi de consolidar bem a ideia de não ter que me provar para outros, que é bem diferente de não se importar e aquela devia ser mais perguntada do que esta.

    Não se importar é como tirar a existência de outras pessoas na contabilização da sua vida. E dificilmente acho que essa questão consegue ter o minimo de verdade, fora e dentro de literalidade, já que isso entalharia uma automática apatia a tal questão, que existe mais para reforçar uma mentalidade de tribalismo agressivo do que realmente sentir bem de si.

    "Invalidando" qualquer tipo de "fraqueza" que uma pessoa tenha, invalidando no sentido de reconhecer é claro, já que nada desparece, apenas se atordoa a sua resolução - ou falta de resolução - inevitável, e acho que tem mais nada que se faça de bom grado pra auto estima do que tal feito.

    Um dos motivos meio implícitos de eu querer parar de escrever aqui foi por várias das coisas que eu escrevi aqui eu ter mudado delas ao longo do tempo, mas a vida não é sempre assim no final de contas? Erras no passado para no futuro ser um erro melhor, e ainda fico grato de escrever o que pensava e vivia, mesmo achando o fora do que acho "legal" hoje em dia, não preciso provar minha escrita de qualquer forma.

    Não que não me fere ela não ser provada, mas fere menos quando eu reconheço que ela fere, meio paradoxical mas até que faz sentindo, coragem é ser sensível afinal de contas. Interagir com outras pessoas em geral inevitavelmente leva a um ferimento mutuo, socializar é bem literalmente doloroso, mas por trás de toda ferida tem uma intenção, e essa intenção nada obriga ela ser atrelada a interpretação que a ferida se dá em um vácuo.

    Não que isso seja uma Fórmula Mágica da Paz, quem dera seja achável ela algum dia, tudo seria mais chato depois. Mas é bom o suficiente para ser relevante, relevante de querer pensar para escrever, relevante o suficiente para se importar de praticar à encontrar por melancolia algo a se olhar e não apenas ver, de não ser mais criança, ou de sempre ser criança. 

    Ser mais novo significa ter mais caminhos pela ambiguidade por ingenuidade, perdoar por falta de abstrações de orgulho ou necessidade de superioridade, afloradamente sensível, morrendo e renascendo nas formas de viver e se ver.

Postagens mais visitadas